quinta-feira, 5 de julho de 2012


O que sabemos sobre as crianças e seus paninhos?


Aquele paninho ou bichinho que a maioria das crianças adotam por si próprias principalmente no momento de dormir e que são na maior parte de seu tempo “companhias” inseparáveis, tem grande efeito terapêutico para o bebê, especialmente até seu primeiro ano de vida, e é nomeado na Psicologia como objeto transicional. Há muitos anos, grandes teóricos da Psicanálise Infantil como Donald Winnicott, estudaram crianças e seus objetos e puderam constatar que este muitas vezes é o grande responsável por auxiliar o desenvolvimento das primeiras manifestações de comportamento afetivo da criança. Ele reconforta a criança nos momentos de solidão e insegurança, proporcionando consolo ou atuam como sedativo. O cheiro e textura são elementos essenciais, e que ninguém se atreva a lavá-los ou deixar em casa quando se sai, pois para o eu imaturo da criança esta condição de chupar ou abraçar o objeto é uma forma de auto expressão e de sentido de realidade, que dá a oportunidade de relacionamento humano, e pode muitas vezes ser um substituto emocionalmente saudável da figura materna, quando esta mãe e bebê precisam estar separados momentaneamente. (WINNICOTT, 1999).

E quando a criança está maior, e leva para a escola o objeto, é como se estivesse levando um  “pedaço” de seu relacionamento com a mãe que data do tempo de sua dependência infantil, do tempo de bebê. Porém quando as ansiedades a respeito de ir para a escola se resolvem, a criança estará então apta a renunciar à companhia desse objeto e à necessidade de levá-lo sempre consigo, trocando-o agora por um carrinho, uma boneca, pelas atividades lúdicas da escola e a medida que vão adquirindo confiança, renunciam usualmente a estas coisas. Em todo caso, as crianças costumam sempre chupar o polegar e roer as unhas, se estiverem enfrentando dificuldades. (WINNICOTT, 1999).

Ainda segundo o autor, recomenda-se respeitar o objeto e deixá-lo desintegrar-se por si só, por ser uma herança de afeto da criança pela família e quando a necessidade deste objeto não passar, os pais devem contar com o apoio da escola para aos poucos estimular a troca do objeto por atividades ricas em cultura, apropriadas a sua idade escolar. 

Fonte: Winnicott, Donald W. (1999). Conversando com os Pais. 2ª ed – São Paulo, Martins Fontes