quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Entenda mais sobre o Bullying



À primeira vista, as interações agressivas entre crianças poderiam parecer razoavelmente simples: uma criança fere outra. Entretanto, a pesquisa mostra que durante a meninice, as interações agressivas tornam-se cada vez mais complexas (Hay, Payne e Chadwick, 2004). À medida que as crianças crescem, elas tendem a assumir papéis consistentes nas interações agressivas – perpetrador, vítima, assistente de perpetrador, espectador reforçador, espectador não participante, defensor da vítima e assim por diante.
Os traços de personalidade das crianças em algum grau determinam os papéis que elas assumem. Por exemplo, crianças mais tímidas geralmente ocupam o papel de espectador não participante, enquanto crianças emocionalmente instáveis têm mais probabilidade de atuar como assistentes do perpetrador ou como espectadores reforçadores.
Até bem recentemente, o foco de intervenção e análise voltava-se aos perpetradores ou valentões (bullies), porém acredita-se que mudar o comportamento de crianças que são vítimas habituais de agressão pode ser tão igualmente importante. As vítimas em geral são menores fisicamente ou mais fracas que seus pares, submetem-se geralmente a todas as sugestões que os outros dão, raramente afirmam-se com seus pares, não dando sugestões para atividades recreativas nem tendo atitudes pró-sociais.Outras crianças não gostam deste comportamento e, portanto, não gostam das vítimas. As consequências dessa vitimização podem incluir solidão, evitação da escola, autoestima baixa e depressão significativa em idades posteriores.
Nem todas as crianças frente a um colega passivo tornam-se valentões (bullies). Estes são característicos por serem mais agressivos com os adultos do que os não valentões, não conseguem empatizar com a dor ou a infelicidade de suas vítimas, sentem pouca ou nenhuma culpa ou vergonha por suas ações e são frequentemente impulsivos. Entretanto, o bullying é um fenômeno complexo que deve ser entendido como resultado de características dos próprios valentões (bullies), dos ambientes familiares nos quais eles são criados e dos contextos sociais nos quais os incidentes ocorrem.
Estudos sugerem que quatro fatores estão por trás do desenvolvimento do comportamento de bullying:
ü  Indiferença para com a criança e falta de afeto dos pais nos primeiros anos de vida
ü  Fracasso dos pais em estabelecer limites claros e adequados sobre comportamento agressivo
ü  O uso de punição física por parte dos pais
ü  Um temperamento difícil e/ou impulsivo da criança.
Qualquer que seja o papel destas crianças nesse cenário deletério, a compreensão dos mecanismos que geram os variados comportamentos é fundamental, e o tratamento psicológico deve ser baseado na mudança das relações destes com suas famílias e com o seus ambientes.

Fonte: Boyd, D., e Bee, H. (2011). A criança em Desenvolvimento. 12. ed. – Porto Alegre, Artmed

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